Neste dia 25 de outubro, Jequié, a "Cidade Sol", celebra seus 128 anos de emancipação política, um marco que ressoa com a força e a resiliência de um povo encravado no Sudoeste da Bahia, na transição entre a caatinga e a mata, na histórica região do Médio Rio de Contas.
É um aniversário que, no campo do pertencimento, nos convida a uma reflexão filo-histórico-pedagógica sobre o que significa ser jequieense e construir, dia após dia, a identidade dessa urbe pujante.
_Filosofia do Pertencimento._
Jequié não é apenas um ponto no mapa; é um universo de experiências, moldado pela travessia, pelo comércio e pela hospitalidade. O pertencimento à "Cidade Sol" nasce da superação, da capacidade de florescer mesmo sob o sol inclemente do sertão.
O próprio nome, que remete tanto à "onça" (força e bravura) quanto ao "jequi" (objeto de pesca indígena no Rio de Contas, simbolizando a subsistência e a união), carrega em si a dualidade de uma terra que exige luta, mas que também oferece sustento.
Pertencer a Jequié é abraçar essa história de encontros: a do tropeiro, a do imigrante (notavelmente a forte colônia italiana, além de sírios, libaneses, judeus e espanhóis, que moldaram seu comércio e economia), a do ribeirinho e a do sertanejo.
É ter o orgulho de uma cidade que, na década de 1930, chegou a ser a quarta economia da Bahia, um reflexo do dinamismo de sua gente.
_Legado histórico._
A história de Jequié é uma lição de persistência. Nascida de uma fazenda, a Borda da Mata, e desenvolvida a partir de uma movimentada feira livre no final do século XIX, a cidade se emancipou de Maracás em 1897, tornando-se cidade em 1910.
Ela se forjou como um importante entreposto comercial, um "porto de terra" fundamental para o escoamento de safras, como a do cacau, através da Estrada de Ferro Nazaré.
Contudo, a história também registra os desafios, como a grande enchente que a marcou, gerando o apelido de "Chicago Baiana" – uma alusão à reconstrução após a destruição. Esse episódio, embora doloroso, é uma metáfora poderosa: Jequié não apenas resistiu, mas se reergueu com a garra de seus habitantes, transformando a adversidade em um novo impulso para o progresso.
A trajetória de Jequié, com seus desmembramentos municipais (como Aiquara, Itagi e Jitaúna), mostra o papel de matriz e polo de desenvolvimento regional que sempre exerceu.
_Dimensão pedagógica para o futuro._
Os 128 anos de Jequié oferecem um rico material pedagógico. A cidade, com suas escolas e centros de educação sendo continuamente inaugurados e reformados, reafirma seu compromisso com o futuro. A celebração de hoje, marcada por inaugurações de obras em infraestrutura, educação e saúde, não é apenas uma contagem de tempo, mas um investimento na próxima geração.
A lição que Jequié ensina é a do empreendedorismo cultural e social. Ela é um polo regional que atrai e irradia, reconhecida por eventos como o São João, que resgatam e celebram a cultura nordestina. A diversidade de sua origem, com as contribuições indígenas, sertanejas e de múltiplas etnias de imigrantes, é um modelo de convivência e miscigenação que enriquece o tecido social.
Celebrar Jequié é, portanto, celebrar o espírito indomável do brasileiro, capaz de construir progresso e beleza em terras desafiadoras. É reconhecer que, mesmo "encravada no sertão", sua luz é a de um Sol que irradia desenvolvimento, cultura e a incessante busca por um futuro mais justo e próspero para todos os jequieenses. Parabéns, Jequié, pelos seus 128 anos de história, luta e dignidade!
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Joilson Bergher, é de Jequié, professor e torcedor do AD-Jequié e do Vitoria!_