O
cineasta Tuna Espinheira que há décadas não vinha a cidade retornou a Jequié. O professor da
Universidade Federal de Ouro Preto, Erisvaldo Pereira dos Santos, que nunca tinha sido convidado para fazer uma
palestra em sua própria terra, pela primeira vez recebeu um convite
oficial para falar na cidade. O cineasta Robinson Roberto e sua esposa
Marilusa Barreto passaram mais de um mês selecionado imagens de Luiz Gonzaga,
Luís Cotrim e de episódios das décadas de 60 e 70 para mostrar no Felisquié; o
artista plástico tropicalista Dicinho estava radiante com o evento, que trouxe
para o município nomes relevantes da literatura brasileira como o escritor Mouzar Benedito e o presidente da União Brasileira de Escritores,
jornalista e escritor Joaquim Botelho. Entre
os dias 29 de novembro e 1 de dezembro a cidade de Jequié sediou
a primeira edição da Festa Literária do Sertão de Jequié – Felisquié,
que teve como tema central “O
regional que se torna universal”, revelando a força global de ícones da cultura
nordestina e discutindo variados assuntos relacionados a literatura e
outras linguagens artísticas, com
curadoria do escritor Domingos Ailton e chancela da UESB e da Academia de
Letras de Jequié.
No primeiro dia do evento já teve
uma ideia da variedade que marcou
sua programação. O escritor,
jornalista e sociólogo Mouzar Benedito falou sobre mitologia brasileira e lançará
uma coleção de seis livros sobre mitos ecológicos da cultura de tradição oral no Brasil: O Saci
- guardião da floresta; A Iara -
encanto das águas; O Curupira - nosso
gênio das matas; O Caipora - amigo
dos bichos; O Boitatá - este mito é
fogo!; Lobisomem, Cuca e Mula sem
Cabeça - importados e naturalizados. mas
Mouzar não se limitará aos mitos brasileiros. Ele
abordou também a história de Luiz Gama e lançou ainda o livro
Luiz Gama, libertador
de escravos, e sua mãe libertária, Luíza Mahin. Já o jornalista Carlos
Souza Yeshua enfocou a estratégia mercadológica
de Paulo Coelho que o transformou
no escritor com mais de 100 milhões de livros vendidos e o autor vivo
mais traduzido em todo mundo. O tema da palestra
foi Paulo
Coelho – O Mago da Literatura. Carlos Souza Yeshua, fazendo também o lançamento do livro que contém uma
coletânea de artigos intitulado Carta ao
Presidente-Brasileiros em busca da cidadania. A professora Maribel Barreto discorreu sobre o tema A razão como base para desenvolvimento da consciência e lançou seu livro
Ensaios sobre Consciência.
Uma
oficina sobre criação literária de crônicas foi ministrada pelo escritor e professor Vitor Hugo Martins. Antes do Passado, o silêncio que vem do Araguaia: memória, verdade e
história brasileira foi tema da palestra da escritora Liniane Haag Brum, que contou com
a participação de Diva Santana, do Grupo
Tortura Nunca Mais.
.
CENTENÁRIO
Os cem
anos de nascimento de Jorge Amado e Luiz
Gonzaga e de criação do Jornal A TARDE
foram lembrados pela Felisquié. O
diário baiano foi homenageado por conta de seu apoio a produção literária baiana e
por ser fonte de pesquisa para textos literários. “No romance histórico que escrevi, Anésia Cauaçu, A TARDE foi uma das minhas fontes de pesquisa”, afirma o escritor Domingos Ailton,
curador da Festa Literária do Sertão de Jequié- Felisquié. Uma mesa redonda sobre
curiosidade do Jornal A TARDE contou a
participação dos jornalistas Carlos Ribeiro, Heloísa Sampaio e Marjorie Moura, que também representou o
veículo. A dimensão da obra de Jorge Amado
foi abordada em painel com a
participação dos escritores e estudiosos dos textos amadianos Gildeci
Leite, Adriana Barbosa, Bohumila Araújo e
Domingos Ailton; o professor Erisvaldo Pereira dos Santos falou sobre Religião
de matriz africana na literatura de Jorge Amado: a propósito do texto
"O compadre de Ogum”. . Já a produção musical de Luiz Gonzaga teve
como debatedores o cineasta Robinson Roberto, o jornalista César Rasec e o músico Lourival Eça,que cantou um amplo repertório
de Gonzagão. Neste painel o
cineasta Robinson Roberto
revelou imagens e informações inéditas
sobre o Rei do Baião. Uma delas mostra o anão, que era de Jequié e
integrou o trio musical de
Gonzagão, O poeta e cronista Luis
Cotrim, um dos fundadores da Academia de
Letras de Jequié e ícone do mundo literário da cidade, falecido no último dia 3 de novembro aos 95 anos foi
também homenageado com dois
documentários, um de Robinson Roberto e outro de Júlio Lucas.
Cotrim será homenageado ainda com a entrega da Ordem do Mérito Cultural Luis
Cotrim.
Contracultura
dos anos 60
A contribuição de artistas jequieenses para contracultura dos anos 60 foi uma tema de discussão por parte dos cineastas Tuna Espinheira, Robinson Roberto, do artista plástico Dicinho e do
ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo - ANP, Haroldo Lima. Já o professor Luciano Costa
Santos enfocou em sua palestra cultura nacional, modernidade
e globalização.
Adaptações
literárias
O
processo de adaptação de uma obra
literária para o teatro, o cinema e a televisão foi o foco de
discussão de um painel que contou com a participação dos cineastas Tuna
Espinheira e Guido Araújo e do ator Robério Lima, que
interpretou “o professor” no filme Capitães
da Areia, de Cecília Meireles, adaptado do romance de Jorge Amado.
Os escritores Domingos Ailton, Carlos Ribeiro e Morgana
Gazel falaram sobre o poder de transformação da literatura. Poética visual na internet: a experiência das Concrecoisas foi o
tema da palestra do jornalista, compositor e poeta César
Rasec. O processo de produção e circulação de um livro teve como expositores os escritores Valdeck Almeida
de Jesus, Roberto Leal e Carlos Souza. A
jornalista e escritora Rogéria Gomes discorrerá
sobre fatos relacionados as grandes atrizes que marcaram os palcos
brasileiros. Literatura no contexto atual
do Brasil foi o tema da conferência
de encerramento do evento, que terá como palestrante o presidente da União
Brasileira de Escritores –UBE, o jornalista e escritor Joaquim Botelho.
Filmes
Não só
debates literários e de outras
linguagens fizeram parte da programação da Felisquié. Exibição de filmes de
ficção e videocomentários também
compuseram parte do evento. Foram exibidos Cascalho, de
Tuna Espinheira, Cine Jequié e Luís Cotrim , de Robinson Roberto, Ambiente Natural e Memória de Contendas do
Sincorá e O Candomblé na Cidade de
Jequié, de Domingos Ailton, Testemunho de um leitor de Jorge Amado, de
Carlos Pronzato, Caçadores da Alma, de Silvio Tendler e Luis Cotrim – Poeta Dourado, de Júlio
Lucas.
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