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terça-feira, 28 de maio de 2013

Mais uma lata jogada na rua



Ivonildo Calheira*

No trajeto trabalho-casa sigo um carro novo, e até admiro o modelo esportivo. De repente, a admiração vai por água à baixo quando percebo que o motorista, em plena praça principal da cidade, joga uma lata de cerveja amassada pela janela, no meio da rua. Age “naturalmente”, e segue caminho, como se seu ato fosse algo corriqueiro. Uma mistura de indignação e decepção se apoderou de mim. Fiquei imaginando como deveria ser, realmente, o “cidadão” que jogou aquela lata no meio da rua. Será que ele tem consciência de que jogando lixo nas ruas da cidade, ele a transforma em um grande lixo a céu aberto, em um chiqueiro, o que também o transforma em verdadeiro porco?
Isto me faz pensar no conceito dos diferentes tipos de ricos que existem, recentemente lembrado pela escritora Martha Medeiros, no livro “Doidas e Santas”, o qual li há pouco tempo. Pois vejamos, então: rico-rico é a pessoa que tem dinheiro e cultura, sabendo utilizá-lo adequadamente. Pobre-pobre, aquele que não tem dinheiro e nem cultura, na maioria das vezes por falta de oportunidades para crescer na vida. Pobre –rico, aquele que que é pobre pelas circunstâncias de onde nasceu e se criou, mas que gosta de cultura, tem bom senso e aprecia as coisas boas da vida, embora não possa apreciá-las pela simples falta do dinheiro. E tem o rico-pobre, tipo conceito no qual, com certeza, se encaixa o nosso cidadão-porco acima analisado. É aquele indivíduo que tem dinheiro, às vezes muito dinheiro, geralmente um “novo rico” mas não tem educação ou cultura. Não valoriza o próximo ou as coisas públicas. Pelo contrário, pensa que a coisa pública também lhe pertence, e se sente no direito de atirar à esmo latas de cerveja, maços de cigarros vazios, casca de banana ou qualquer outro objeto que ache não mais lhe servir. Pessoas com este perfil devem tem poder econômico, mas são infelizes, muitas vezes sem nem saber que são infelizes, apenas pelo fato de não terem o sentido real do que seja a verdadeira felicidade e do que o dinheiro pode proporcionar. Refiro-me não em gastar o dinheiro por gastar, mas fazer dele um verdadeiro investimento, como realizar viagens a lugares interessantes, assistir a boas peças de teatro, a bons filmes, ler bons livros, aprender línguas, viver e saborear a vida profundamente nos seus vários e diferentes sabores e encantos. Ricos como estes que jogam latas de cerveja no meio da rua com certeza são mal amados, pois uma mulher de verdade jamais se envolveria com um “porco-rico” destes.
No fundo tenho pena de pessoas que depredam a coisa pública. Devem ser pessoas vazias, que simplesmente passam pela vida sem a viver. Usam o dinheiro que ganhou para comprar veículo caro, mas o usa – de certo - como uma carruagem que o transporta diretamente para o pântano. E que bom para a cidade e para as pessoas de bem se lá ele ficasse atolado para sempre, nas profundezas da chafurda...

*Ivonildo Calheira é médico oftalmologista e escritor. Ex-presidente e Membro da Academia de Letras de Jequié.