BAHIA: FOLHA DENUNCIA ESQUEMA DE SUPERFATURAMENTO DE ONG DE DEPUTADO
O Governo
da Bahia firmou contratos sem licitação na área da saúde no valor de R$
272 milhões com ONG ligada a aliado político do Governador Jaques
Wagner (PT). Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), R$ 39 milhões
desse montante foram superfaturados. Os contratos são para fornecimento
de mão de obra médica, assinados após dispensa de licitação entre a
Secretaria Estadual da Saúde e a Fundação José Silveira, no período de
2007 a 2011.
A
fundação teve como superintendente, de 1997 a 2008, o Deputado Federal
Antônio Brito (PTB). Hoje, a mulher dele, Leila, ocupa o cargo. O PTB
apoiou Wagner em sua eleição para governador, em 2006. Na Secretaria de
Saúde, o pagamento tinha o aval do diretor-geral Amauri Teixeira (PT),
hoje também deputado. Ambos dizem que os pagamentos são legais e estão
respaldados por parecer do Ministério Público da Bahia. Só neste ano é
que foi feita uma concorrência, vencida pela mesma fundação.
De acordo
com o relatório do TCE, a principal irregularidade está no fato de a
Fundação José Silveira cobrar do Estado o pagamento da contribuição
patronal do INSS. A fundação está liberada da obrigação de pagar esse
encargo. Apesar disso, cobra os valores do Estado e não os repassa à
Previdência. Nos R$ 272 milhões de 2007 a 2011, o relatório aponta que o
governo da Bahia pagou indevidamente R$ 39,2 milhões, que correspondem
aos encargos ao INSS que a fundação não precisa pagar. Além do TCE, o
Ministério Público da Bahia finaliza um inquérito sobre o caso. ”A
fundação tem que fazer filantropia com recursos dela, não do Estado”,
disse a promotora Rita Tourinho.
OUTRO LADO
A
Fundação José Silveira e a Secretaria de Saúde afirmam que a cobrança da
contribuição patronal do INSS se baseia em um parecer do núcleo do
terceiro setor do Ministério Público da Bahia.
A opinião
diverge da avaliação do setor do Ministério Público que combate a
improbidade administrativa, que diz que a cobrança é irregular.
Advogados do escritório Siqueira Castro dizem que, pela regra geral, não
poderia ser cobrado o INSS patronal em um caso desse tipo, mas que há
brechas na lei.
A
Secretaria de Saúde afirma que, no processo de dispensa de licitação,
foi dada oportunidade a outras empresas. Diz ainda que os contratos
foram submetidos à Procuradoria-Geral do Estado e cumprem a lei.