A supremacia do transporte rodoviário sobre os demais meios
de transporte no Brasil pode ser explicada fundamentalmente: 1. Pela não
utilização de ferrovias durante o processo de ocupação do território
brasileiro, ao contrário do que ocorreu em outros países de dimensões
continentais, como Canadá, Estados Unidos e Rússia. 2. Pela prioridade dada
pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1960) ao transporte rodoviário e a
construção de rodovias, fatos que coincidiram com os interesses das empresas
transnacionais que nesse período instalaram as primeiras montadoras de veículos
no país.
Os transportes compõem um dos itens do setor terciário da economia, que,
segundo o IBGE, teve participação de 58,88% no PIB total brasileiro em 2000.
Apenas o setor de transportes, conforme estimativa da Confederação Nacional do
Transporte (CNT) produziu, em 1998, 50,4 bilhões de dólares, o equivalente a
6,5% do PIB. Além disso, esse setor também reflete as desigualdades
socioeconômicas do país. Assim, existe maior concentração de ferrovias,
aeroportos, portos, metros e rodovias no Centro-Sul, consequência da
concentração urbano-industrial.
O CAOS DA LOGÍSTICA AGRÍCOLA NO BRASIL
O Brasil já ocupa atualmente a posição de terceiro maior exportador mundial de
alimentos. O país não está conseguindo dar conta do recado, e não é por conta
do desempenho da agricultura. Já vivemos o “apagão elétrico”, o “apagão aéreo”,
e, este ano, chegamos ao “apagão da logística”. Em 2013, colhemos a maior safra
de grãos e de oleaginosas da nossa história. Foi quase 194 milhões de
toneladas, 17% a mais do que na safra anterior. Basta dizer que só na soja
ampliamos a área plantada em quase 3 milhões de hectares, em apenas um ano. A
segunda safra de milho, superou a safra de verão em mais de 6 milhões de
toneladas nos dois últimos anos. Trata-se de mais uma notável vantagem
competitiva da agricultura tropical, que jamais vai ocorrer em países de clima
temperado.
Tornamo-nos o primeiro produtor (84 milhões de toneladas) e exportador (41
milhões de toneladas) mundial de soja, a frente dos Estados Unidos.
Foram décadas de total descaso na logística do nosso país. Governos anteriores
ao de Lula e Dilma, não efetuaram planejamento prevendo o futuro promissor nas
diversas áreas do nosso país, infelizmente.
Hoje o desafio de integrar o Brasil começa a ser vencido, através do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), o Governo Federal viabilizou uma
transformação histórica na infraestrutura do país, ao implantar programas de
revitalização das ferrovias brasileiras. Que tem na ferrovia Norte/Sul a sua
espinha dorsal. Pelos 3.100 Km da Norte-Sul que corta o país do extremo norte
do Para até o Estado de São Paulo, serão transportados mais de 100 milhões de
toneladas de cargas. Além disso está previsto a implantação de 42 plantas
industriais de Etanol e 20 usinas de Biodiesel, todos esses projetos irão
consolidar o Corredor de exportação Centro Norte, impulsionar a produção dos
Estados de Goiás, Tocantins e Maranhão e gerar mais de 270 mil empregos diretos
e indiretos, novos estudos estão sendo realizados para estender os trilhos da
Norte-Sul até o Porto do Rio Grande – no Rio Grande do Sul, ligando os dois
extremos do pais. Para garantir a integração de todas as regiões
brasileiras.
O Governo está construindo outras ferrovias que farão parte do complexo
Norte/Sul – uma delas é a ferrovia do PANTANAL, que partirá do município de
Panorama em São Paulo em conexão com os trilhos da Norte/Sul, com 750 Km de
extensão. A ferrovia do Pantanal atravessará todo o Estado do Mato Grosso do
Sul, passando pela região de Dourados até alcançar Porto Murtinho, na fronteira
com o Paraguai, essa ferrovia vai permitir escoamento de toda a produção de
grãos do Estado, estimada em 18 milhões de toneladas, impulsionar o desenvolvimento
de importantes polos, sul-mato-grossense. Do mesmo modo, a ferrovia do Pantanal
atenderá também a demanda de transporte do minério de ferro, tanto brasileiro
quanto Boliviano.
INTEGRAÇÃO
A ferrovia será também, de vital importância para a integração com a Hidrovia
Paraguai/Paraná, um dos mais extensos e importantes eixos de integração
política, social e econômica da America do Sul. Que serve a cinco países:
Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. FIOL –Ferrovia Oeste Leste
Em parceria com o governo federal, (gestão LULA (2003/06 e DILMA 2007/14), está
sendo construída na Bahia, especificamente a Ferrovia de Integração
Oeste-Leste, a maior obra dos últimos anos no Estado. Com o objetivo de
interiorizar o desenvolvimento, integrar as regiões e incrementar o mercado de
exportação, a ferrovia vai interligar o município de Figueirópolis (TO) ao de
Ilhéus (Ba), onde se interligará ao Complexo Porto Sul. Para a futura ferrovia,
a meta é viabilizar o chamado Porto Sul, em Ilhéus, onde estão sendo tratadas
questões ambientais. As obras somam R$ 8,5 bilhões com recursos do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
Os trabalhos da Fiol no primeiro trecho, entre Ilhéus e Caetité, mais
especificamente em Jequié, visitado no ultimo dia 03 de janeiro de 2014 – Essa
etapa são 537 Km, e pelas estimativas, devera ser concluída ate final de 2014
*Tendo como ponto final o Porto Sul (Ilhéus), a Fiol, com uma extensão de 1.516
Km, tem um traçado de 12 lotes. Na Bahia, passará por 32 municípios, somando
1,1 mil quilômetros que foram divididos em nove lotes, incluindo uma ponte
sobre o rio São Francisco.
O projeto ferroviário de Integração Oeste-Leste que vai ligar os trilhos da
Norte/Sul em Figueirópolis/TO ao futuro Porto de Ilhéus na Bahia. A primeira
etapa das obras ligando Ilhéus a de cidade de Barreiras, já foi autorizada pelo
Governo Federal, com 1.526 Km de extensão. A Fiol tem previsão de conclusão
para dezembro de 2014 e terá um custo estimado em 7,25 bilhões reais, quando
estiver pronta, a ferrovia será fundamental para o desenvolvimento do
agronegócio e da mineração dos Estados do Tocantins e Bahia. Os trilhos abrirão
uma nova alternativa logística para os Portos do Nordeste brasileiro,
oferecendo um sistema de transporte seguro e eficiente, com custos de fretes
mais competitivos, gerando divisas e milhares de empregos diretos e
indiretos.
Estudos iniciais apontam para um volume de cargas a ser transportados pela
Fiol, da ordem de 70 milhões de toneladas anuais. Dos quais 50 milhões
correspondem a minérios das regiões de Caetité e Tanhaçu na Bahia.
OUTRAS INTEGRAÇÕES
Para integrar os Estados do Oeste brasileiro, o Governo Federal através da
Valec, órgão ligado ao Ministério dos Transportes, desenvolve o projeto de
outra ferrovia – a Fico – Ferrovia de integração Centro-Oeste com 1.638 Km de
extensão , a Fico, vai fazer a conexão entre a cidade de Vilhena em Rondônia e
os trilhos da Norte–Sul em Campinorte/GO. O investimento total previsto para a
construção da Fico é da ordem de 6,4 bilhões de reais e depois de finalizada em
2014, a ferrovia será responsável pelo transporte de cerca de 20 milhões de
toneladas de carga ao ano.
A Ferrovia Centro-Oeste faz parte do projeto da ferrovia Transcontinental que
vai ligar o Litoral Norte do Rio de Janeiro à fronteira do Brasil com o Peru,
integrando os Estados de Rondônia, e Acre a malha ferroviária nacional, a
conexão da Transcontinental com a malha ferroviária peruana, vai permitir a
interligação do Corredor Transoceânico encurtando distâncias entre o Brasil e
os Portos da Ásia e países como o Japão e China, importantes parceiros
comerciais do nosso país.
A partir deste ano (2014) em todos os novos trechos Norte/Sul e das novas
ferrovias que serão construídas, a gestão logística ficara sob a
responsabilidade direta da Valec, que irá vender a qualquer interessado a
capacidade de tráfico de cargas ferroviárias. Este novo modelo de gestão irá
democratizar o acesso ao transporte ferroviário, permitindo o escoamento de
milhares de toneladas de grãos e minérios, etanol e outros produtos para o
mercado interno e externo, gerando empregos, renda e promovendo um grande salto
de desenvolvimento. Em toda a extensão de seus projetos a Valec, através do
programa de revitalização das ferrovias brasileiras, revela o objetivo maior de
transformar a realidade nacional, interligando as economias de todas as regiões
do país, promovendo o desenvolvimento alto sustentável e a justa distribuição
de riquezas entre todos os brasileiros.
Por *Carlos Augusto Araújo Santos * Coordenador do Núcleo Executivo do
Território de Identidade da Bacia do Rio Grande (Oeste); Gerente Regional da
EBDA em Barreiras; Pedagogo; Inspetor suplente da Inspetoria do CREA/Barreiras.