Depois da “reforma trabalhista” de Temer, que acabou com o
emprego de carteira assinada, o governo dos patrões de Bolsonaro completou o
serviço, com a MP da Liberdade Econômica, o pomposo nome dado ao vale tudo
instalado no mundo do trabalho,
Sem carteira assinada, sem férias nem 13º, sem crachá e sem
fundo de garantia, os milhões de profissionais que ainda conseguem serviço como
“temporários”, “autônomos” ou “colaboradores intermitentes”, agora também
poderão trabalhar aos domingos e nos feriados, sem a necessidade de controle de
cartão de ponto.
Fica faltando só revogar a Lei Áurea, o que o capitão já
insinuou, ao criticar a legislação referente a “trabalhos análogos à
escravidão”, que pretende flexibilizar.
Com este Congresso e este STF, o governo aprova o que
quiser, e pode até declarar guerra à ONU.
Nomear o filho 03 para embaixador nos Estados Unidos, é
fichinha. Basta liberar emendas aos parlamentares amestrados.
Em compensação, com a Liberdade Econômica, só o patrimônio
social das empresas responderá por dívidas, sem confundir com o patrimônio do
titulares.
É o que permite, agora oficialmente, que empresários
continuem bilionários e deixem de pagar os direitos trabalhistas quando suas
empresas quebram, como aconteceu recentemente com a Editora Abril.
O inominável presidente vai assim tratorando as relações
trabalhistas ao revogar mais 25 dispositivos da CLT – entre eles, os relativos
à segurança e medicina do trabalho.
Ninguém poderá se dizer surpreendido porque, desde a
campanha, o capitão afastado pelo Exército vem demonstrando muita pena dos
patrões e nenhuma dos trabalhadores.
Até hoje, sete meses e meio depois, o governo não foi capaz
de apresentar um único programa de combate ao desemprego, tema que não faz
parte dos seus discursos delirantes e escatológicos.
Assim como Temer, que anunciou a criação de milhões de
empregos com a sua “reforma trabalhista”, que só tirou direitos dos
trabalhadores, também o atual governo sinaliza com a retomada do crescimento
após a aprovação da MP da Liberdade Econômica pela Câmara, por 345 votos a 76.
Este placar mostra a desproporção entre os que defendem os
direitos do capital e daqueles que ainda se colocam ao lado dos trabalhadores,
assim como aconteceu na aprovação da reforma da Previdência, que manteve os
privilégios dos marajás civis e militares, e vai obrigar os demais mortais a
trabalhar mais para ganhar menos ao se aposentar.
Com os demais poderes sob o controle absoluto do Executivo,
Congresso e Supremo só referendam os projetos do presidente, bovinamente
dizendo amém a todas as barbaridades praticadas contra o povo brasileiro e a
soberania nacional.
Enquanto isso, em sua cruzada contra o “comunismo”, o
comandante-em-chefe ainda tem coragem de criticar o povo da Argentina por ter
votado num candidato de oposição ao governo Macri, que adotou o mesmo modelo
econômico recessivo daquele frentista do posto Ipiranga.
Cercado apenas de áulicos civis e militares – os que
discordam dele são sumariamente fritados e ejetados – o ocupante da cadeira do
presidente é rejeitado por parcela cada vez maior da população.
Nesta quarta-feira, até o Globo perdeu a paciência e, em
violento editorial contra os desmandos do presidente, alerta que o dito cujo
representa um perigo para o país.
Seus dois superministros, Guedes e Moro, desmoralizados por
diferentes motivos, já não dão conta de sustentar essa farsa federal, criada e
sustentada por seus fanáticos seguidores com fake news nas redes sociais, mas
até estes já parecem cansados.
Aqueles cachorros loucos, de uns tempos pra cá,
desapareceram aqui do Balaio, e só meia dúzia ainda comparece diariamente para
me dizer desaforos, sempre os mesmos, como se fosse uma gravação.
Como é que a gente faz para mudar de assunto? Se alguém
tiver uma boa sugestão, agradeço.
Eu também não aguento mais isso, talkei?
Vida que segue.