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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

MULHER INDÍGENA TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA FAZ APELO PARA TER NOVAMENTE FILHA ADOTIVA

"Sou Cileide Batista Magalhães, indígena do povo Tupinambá de Olivença, atualmente resido na cidade de Itacaré, tenho 42 anos, mães de três filhos e dois adotivos, avó de três netos.  Filhos que criei com muito amor, dedicação, esforço e muito trabalho, e graças a Deus estão todos encaminhados na vida. Estou escrevendo esse texto por que temo pela minha vida e a vida dos meus filhos, em decorrência dos últimos acontecimentos. Dormi como mulher trabalhadora e acordei como uma criminosa, minha vida exposta nas redes sociais, sendo caluniada, difamada e exposta por uma pessoa chamada de amiga. 
Sou muito reservada, não gosto muito de exposição, mas por conta dos acontecimentos tenho medo de represália social contra mim e minha família, por conta do que vem sendo divulgado ao meu respeito em redes sociais.

Pessoas já morreram por conta de divulgações falsas em redes sociais.
Dormia em paz e acordei com a vida totalmente revirada.  Fico pensando, o que leva duas mulheres, brancas, de família conhecida na cidade de Jequié e Lajedo do Tabocal, com dinheiro, cheias de privilégios, influências políticas a atentar contra a paz, a moral, o respeito e a dignidade de uma mulher indígena que nunca fez mal a ninguém.

Tudo começa assim, vou resumir os fatos. Uma vizinha, (na época menor de idade) tinha uma filha recém-nascida e não cuidava bem dessa criança, a menina estava sempre sem banho, sem comida, a mãe só vivia em festas, praias, na vida boêmia e outras coisas. Nem ela e nem o pai cuidavam da criança. Aos seis meses de idade a criança ficou muito doente com infecção intestinal por conta da má alimentação e eu que cuidei levei ao médico, comprei remédio, etc. Fiquei quase um mês correndo em hospital, e os pais nem ai. 
Por pena da criança, sempre me ofereci a cuidar, dava banho, comida e colocava pra dormir, etc. As saídas da mãe eram frequentes. Ela acabou se separando do marido, ficou alguns dias em minha casa, mas nada tinha mudado. Só se aproximava da criança quando estava de banho tomado e arrumado para tirar fotos e postar em redes sociais. Ela decidiu ir embora e deixou a criança com o pai,  mas não entregou a menina para ele, deixou aqui em casa, e o pai nunca foi buscar, na época ele era Office boy do fórum, viu minhas filhas passar com a criança perguntou a situação, e disse que ele deveria passar a guarda para mim, guarda essa que o mesmo nunca levou para que o juiz fizesse homologação, por esse motivo não tem validade, descobri sete anos depois, nunca tramitei em adotar a criança por que os pais nunca mostraram interesse em ter ela de volta, e segundo uma advogada da época os documentos estavam todos corretos.
A confusão começa a partir de  uma senhora (que mora em Jequié). A dita cuja se aproximou de mim, disse que era minha amiga e eu confiei nela, hoje fala que tínhamos amizade há mais de 10 anos (tenho como provar). Essa pessoa morava em Itacaré e depois se mudou para essa cidade, diversas vezes pediu para levar a criança para passar uns dias em sua casa, inclusive ela foi em 2019 no início do ano, logo após de ter passado réveillon na minha residência acompanhada do irmão, e a namorada dele, a criança passou oito dias com ela . Esse ano, acabei deixando novamente por que ela insistiu muito. Nesse período estava na aldeia na casa de minha mãe, acompanhando ela por que ia fazer duas cirurgias e não tem outra pessoa para fazer as coisas de casa, são nove filhos (sou a única filha mulher). Assim, por confiar deixei passar uns dias com a senhora que passou a criança para a irmã dela.

Toda vez que ligava e falava que ia buscar a criança, elas diziam que a menina não podia retornar por que estava fazendo tratamento dentário. Daí veio a pandemia e por conta do fechamento das cidades, não pude ir a cidade delas por que não tinha transporte e estava tudo parado.
Hoje estou sendo acusada de ter dado a criança por falta de condições, a mesma  alega que era minha ex patroa. A criança está com sete anos e nunca lhe faltou nada, sempre me esforcei e nunca tive medo do trabalho.  No dia 21.10.2020 decidi buscar a criança na cidade de Lajedo do Tabocal, onde elas moram. Chegando lá fomos recebidas pela dita cuja, que ficou surpresa com nossa presença, e me impediu de pegar a menina. Falei da confiança que tive na irmã dela, que se dizia me considerar como irmã, mas não houve diálogo da parte dela, a mesma ligou para o advogado e tentou me amedrontar, até o marido dela que estava presente não concordou com o que ela estava fazendo. Logo depois a filha se trancou no quarto com a menina me impedindo de chegar perto da criança e leva-la. 

Sem sucesso, buscamos apoio ao Conselho Tutelar da cidade e descobrimos que havia uma tentativa de adoção da criança, mas o processo não caminhou. Após quatro dias na cidade passando por situações complicadas, conseguimos junto ao Conselho Tutelar que acionou a justiça mandato de busca e apreensão, expedido pelo juíz, mas a senhora fugiu da cidade levando a menina. 

Procuramos a delegacia de Jequié, cidade onde supostamente ela estaria, mas o delegado alegou que não podia cumprir a ordem do juiz por que não sabia onde ela estava. Enquanto isso, a mãe biológica,  veio de São Paulo e está com a criança, não sabemos onde. Um crime, uma violência que essas mulheres fizeram e estão fazendo a essa criança, uma menina que só teve contato com a mãe biológica quando ainda era um bebê, o último contato quando a criança tinha cerca de um ano e três meses, e não por impedimento meu, como ela anda divulgando em redes sociais, pois o ano passado em 2019 esteve em Itacaré, e não teve a coragem de passar na minha casa para saber como a criança estava, meu endereço sempre foi o mesmo.
A partir daí, postagens em redes sociais estão circulando me difamando e me caluniando, inclusive que a criança estava sendo minha empregada doméstica e vivia em situação desumana em minha casa, quem me conhece sabe que não é verdade, sempre tivemos muito amor por ela, além de nunca ter tido diferença entre ela, e os meus filhos biológicos. Ontem foi publicado um vídeo no Facebook repleto de mentiras envolvendo minha vida e a vida dela, depois foi apagado por que houve diversos comentários ao meu favor, pedindo que a mesma tomasse vergonha e reconhecesse tudo que eu fiz por essa criança e ainda apontaram os maus tratos que essa criança viveu na companhia da referida. Muita gente em Itacaré conhece o passado dela e estão revoltados com essa situação.
Quero minha vida de volta, estou vivendo uma situação que nunca pensei em viver, sou honesta, trabalhadora, criei meus filhos e só tentei ajudar essa criança, que se estivesse com essa pessoa talvez nem estaria viva. Não durmo mais, não como direito, não saio mais de casa com medo do que pode me acontecer depois que essas postagens andam circulando. Comentários violentos, agressivos e palavras de baixo calão têm sido ditos ao meu respeito nessas postagens, pessoas que não conhecem o passado irresponsável da mãe biológica dessa criança acreditam nas suas mentiras.
Por isso estou pedindo ajuda, quero justiça contra essas pessoas que acham que porque tem dinheiro e influência podem humilhar, difamar e passar por cimas dos meus direitos. Sou uma mulher indígena, de família humilde, não tenho influências, não tenho advogado, sou apenas uma trabalhadora que cuidei, eduquei e batalhei em favor dessa criança indefesa. Fui humilhada por não ter as mesmas condições sociais, exijo respeito e garantia dos meus direitos. Duas mulheres, que se dizem cristãs, são parentes e assessoras de deputado Estadual se prestam a um papel desses.  Não mereço passar por uma situação dessas, só tentei ajudar essa criança, e agora por egoísmo, essas duas irmãs se prestam a isso. Tantas crianças nas ruas precisando de um lar, na cidade que residem principalmente. Por quê tentaram tomar a criança que já tinha laços, e família?
Mas como disse antes, não tenho influência política, não sou parente de político, não tenho relação com poderosos, mas tenho dignidade e estou nesse momento pedindo socorro aos órgãos público que intervenha nessa situação, do contrário, não sei o que será da minha vida e da vida dos meus filhos se essa difamação continuar" disse a carta.

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