Artista baiano lança EP “Guigga e Banda Me Leva” Fotos de autoria de Filipe Rocha |
Em 20 anos de carreira e com apenas 30 anos, Guigga já transitou em grandes palcos do interior do Brasil à frente da banda Me Leva, circulou em casas de show e teatros com o duo CAIM e ganhou prêmios e festivais como Achiles. Para comemorar, o artista abre os baús guardados em sua cidade natal, Maracás (BA), e apresenta as gravações de sua infância no EP “Guigga e Banda Me Leva”.
Ouça Guigga e Banda Me Leva (2021): http://bit.ly/guiggaebandameleva
Guigga começou a cantar profissionalmente aos 10 anos de idade, quando compartilhava os vocais da banda Me Leva com o seu pai Sebastião, o que rendeu dezenas de gravações, distribuídas em alguns discos da banda. “Como essas gravações acompanharam as mudanças físicas de minha voz, para esta primeira coletânea, optei por escolher as primeiras, que são do período em que minha voz ainda era infantil. Daí convidei Tiago Menezes, produtor musical, meu amigo e parceiro de composição, para remasterizá-las”, explica.
A ideia surgiu durante a pandemia, quando Guigga voltou a conviver intensamente com os pais após se entender como um homem gay adulto. “Tirei da gaveta as fitas VHS, álbuns de fotografias da família e arquivos de vídeo e áudio de quando eu era criança. Foi quando me dei conta de que a minha relação com a música é inerente à minha existência”, conta.
Após duas décadas de estrada, o EP ajuda o artista a apresentar ao seu público tudo o que compõe a sua identidade até então, abrindo sua intimidade de criança preta, gay e artista do interior da Bahia. “Comecei a cantar em carnaval e festas juninas porque sou filho de um cantor popular e alcancei um sucesso regional ao lado dele, no início de minha adolescência. A homofobia acabou me afastando desses espaços e procurei abrigo na cena 'intelectual cult'”, lembra.
Neste momento, Guigga conquistou prêmios e reconhecimento regional, mas também conta que aprendeu a se envergonhar de suas raízes na cultura de massas. “Agora, me empoderei dos incômodos que causei, ora por ser uma bicha preta, ora por ser uma bicha cantora de música pop da Bahia, e não estou mais preocupado com o que vão pensar sobre a pessoa e o artista que eu sou. Estou indo ao encontro de quem deseja me ouvir e de quem respeita aquilo que minha história representa”, afirma.
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