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sexta-feira, 22 de julho de 2022

WILSON MIDLEJ: MORRE O CIENTISTA E EX-MINISTRO UBIRAJARA BRITO

Recebi, através prof. João Cláudio Eloi Britto, a notícia do falecimento na madrugada desta quarta-feira (20), do nosso querido amigo em comum, o Engenheiro Civil, Físico, Professor, cientista e pesquisador Ubirajara Brito, aos 88 anos, no hospital SAMUR em Vitória da Conquista.

Homem afável, extremamente educado e elegante, grande agregador de companheiros nas célebres feijoadas das sextas feiras em seu apartamento, andar inteiro no Edifício Capitulino Teles, onde morava com sua governanta e seu motorista. Ali, em companhia de seus livros e com seu indefectível caderno de anotações, ele punha em dia sua correspondência, ajustava sua agenda, atendia as constantes ligações de seu inseparável amigo Oscar Niemeyer, enquanto este viveu, marcava uma discussão com alguém ou entrevista nos órgãos de comunicação sobre um assunto qualquer e me honrava com o convite, em companhia de figuras ilustres como José Pedral, Profª Selma Oliveira, Herzem Gusmão, Jussara Midlej, Edgard Larry, Esmeraldino Correia, Claudionor Dutra... destacando-nos para o convívio com a mais pura seleção de pensadores, intelectuais e políticos daqueles momentos na cidade, sempre visando o desenvolvimento regional.



Além de Reitor Honorário da Fainor, Instituição que deu seu nome à Biblioteca, Ubirajara Brito ocupou diversos cargos ligados à educação, ciência e tecnologia no governo do ex-presidente José Sarney, tendo assumido, inclusive, o cargo de Ministro de Estado da Educação, em substituição ao titular Carlos Sant’anna.

O professor baiano ainda foi membro do Comitê de Ciência e Tecnologia da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Comissão Consultiva de Desenvolvimento Nuclear da Presidência da República, na década de 1980.

Ele também foi professor de física do Colégio Estadual da Bahia (Central) e professor adjunto da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Ele ainda atuou como professor (Geonuclear) da Faculdade de Ciências de Orsay da Universidade de Paris e pesquisador titular do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), entre 1971 e 1974.

Ubirajara também passou pela Rússia, nas universidades de Moscou e de São Petersburgo. Autor de alguns livros e um grande entusiasta da educação, Ubirajara era considerado uma inspiração para gerações de conquistenses.

Com reconhecimento no Brasil e no exterior, o professor ganhou medalhas e teve destaque com diversas publicações científicas.

Nascido em Tremedal, foi em Vitória da Conquista que pousou para as reflexões e convivência com amigos, um sonho realizado, verdadeiro usufruto de sua existência.

O primeiro contato que tive com Ubirajara Brito foi na entrevista que me concedeu diante de um lauto café da tarde, com direito a aipim de sua fazenda, variados tipos de massa e um café forte, como gostava. Perguntei-lhe como deveria trata-lo, se doutor, professor, engenheiro... ele interrompeu a pergunta e emendou: “me chame de nego Bira”. Sua simplicidade era uma das armas com as quais conquistou uma multidão de amigos e admiradores. Daí se seguiram inúmeros encontros, almoços, cafés e chás, principalmente os das quintas, na casa de Pedral.

Há tempos não o via. Nosso último encontro foi quando ele ofereceu um almoço ao seu amigo, então candidato a presidente da República, Cristovam Buarque, em seu retorno de Jequié em direção a Brasilia.

É com pesar que me despeço, por aqui, do meu amigo o Nego Bira, escritor, cronista, pesquisador, idealizador de políticas de desenvolvimento de Vitória da Conquista... indiscutivelmente uma privilegiada inteligencia e portador de significativa bagagem cultural. Vivia cultuando os homens e mulheres realmente importantes para a região.

Ele gostava de chamar a atenção para que os munícipes mantivessem vivas a memória dos seus benfeitores, repetindo:

O que seria de Jequié sem Vicente Grillo e Lomanto Júnior?

O que seria de Itapetinga sem Juvino Oliveira, José Espinheira e Michel Hagge?

O que seria de Conquista sem Zeferino Correia e José Pedral?

O que seria de Guanambi, sem Pedro Moraes, o Velho, e o ex-governador Nilo Coelho?

E repetia: O que seria de Guanambi sem Nilo?

Justamente no dia do amigo, desejo-lhe muita luz e paz em sua nova morada, querido amigo.

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