Tudo no cosmos é luz e tempo, A não ser no escuro profundo, Se em um tenho o modo evento, E no outro só um morto imundo.
No escuro do amago da terra, Os insetos e larvas são tudo, Ao contrário do colo da Terra, Onde o Sol me fala de luto.
Vida e morte são fases do ciclo, E não posso ser um corpo eterno, Pois até nos átomos eu replico, Os mistérios de um caule aderno.
Na floresta chega bolor e cupins, E aos poucos tudo de mim se esvai, Pois meu tronco só verei nos jardins, Se ali o meu fruto disser que cai.
Mas também podem ser as abelhas, Que decidam acerca do meu néctar, Se serei o mel ou ripa de telhas, Adoçando com a sombra o seu lar.
O futuro é um presente do ontem, E só assim é que ele existirá, Pois os ecos são como respondem, Cada evento ou vento a singrar.
E finado é o que nunca fiz, Se nem mesmo cheguei a vingar, Natimorto das vidas por um triz, Quando alguém chacina meu lar.
Mas o preço final das discordias, É que tudo é cemitério e sedimento, Se ainda vivemos como escórias, E o amor não é mais um sentimento.
Esse amor que decanto em poemas, E utópico, mas é tudo o que cobro, Pois e calma e um consolo apenas, Pra quem vive a semente no solo.
Poeta Braga Costa
Um comentário:
Exímio na arte da escrita!
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