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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Dentista cria metodologia para gestão eficiente da saúde pública em municípios

Ideia nasceu da experiência que teve trabalhando por 24 anos em programas nacionais de saúde

























Quando trabalhou na linha de frente do SUS (Sistema Único de Saúde), Érico Vasconcelos, cirurgião-dentista sanitarista de 48 anos, vivenciou de perto todas as questões que envolviam a saúde pública brasileira. De aluno da primeira turma da Escola de Formação em Saúde da Família em 2001 a integrante do Ministério da Saúde de 2013 a 2016, o dentista entendeu que poderia contribuir – e muito – para mudar o cenário que conheceu. “Vi e vivi as potências e fragilidades do serviço público de saúde do país. Concluí que era capaz de poder fazer mais para a melhoria da gestão pública do setor”, afirma.

Segundo o Banco Mundial, a ineficiência no SUS causa desperdícios que chegam a quase R$ 22 bilhões por ano. Já a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) analisou em 2017 os gastos em saúde de diversos países e mostrou que a má gestão administrativa e a má gestão da clínica são responsáveis por 100% do dinheiro desperdiçado.
Em 24 anos de experiência profissional trabalhando em hospitais de referência tanto públicos como privados, com gestão da saúde e também como professor em universidades, Érico identificou e mapeou os gaps e gargalos que travavam o fluxo dos atendimentos em hospitais e postos de saúde. E passou a buscar respostas para questões como: como está a governança das organizações? Qual é a estrutura institucional disponível e quanto custa? Como gerenciam seus processos e os custos da operação? Como está a gestão estratégica das pessoas? Há indicadores para medir as relações entre as pessoas no ambiente de trabalho? Os trabalhadores e usuários estão satisfeitos? Como estão sendo medidos os resultados das ações realizadas com os usuários dos serviços? Quais valores são percebidos pelas pessoas e quais são os que a organização entrega?

Assim, estudou alternativas e criou, em 2013, a UniverSaúde, startup de empreendedorismo social que, com uma metodologia própria, ajuda os governos a evitarem desperdícios e a melhorarem a qualidade dos gastos no setor, tornando a gestão mais eficiente. “O método de ação que desenvolvi tem como foco o aperfeiçoamento dos atendimentos que incluem pacientes e servidores, otimizando a utilização da verba pública. Evita desperdícios e aumenta a eficiência da gestão da saúde”, diz.

A UniverSaúde tem um time com 12 profissionais de saúde e gestores de 10 categorias profissionais distintas. Já atendeu mais de 50 municípios e organizações, preparando-os para evitarem desperdícios e a melhorarem resultados e certificando-os com um selo de eficiência na gestão da saúde. Os resultados expressivos evidenciam a eficiência do trabalho uma vez que reduzem em 30% as perdas na operação, em 5 pontos percentuais os gastos do orçamento municipal com saúde e aumentando em 20% a satisfação dos usuários. Um caso prático é o que foi feito na gestão municipal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. De março a junho de 2023, após a implementação do processo, o município teve um aumento de 40% na eficiência gestora da saúde.

"A UniverSaúde nos orienta e consegue identificar os pontos fracos para que seja possível construir um SUS melhor", diz Morgana Dantas, Secretária Municipal de Saúde de Mossoró-RN. Neste projeto foi possível ainda melhorar o Índice Sintético Final (ISF) do município no Programa Previne Brasil conquistando mais recursos financeiros para a atenção primária à saúde.

Érico acredita que a efetividade administrativa nasce do fortalecimento da governança e da reunião de evidências para subsidiar a tomada de decisão gestora por meio de agendas pautadas pelo "cuidado com quem cuida” . O nosso objetivo é conquistar mais impacto social na saúde com secretarias mais sustentáveis e entregando valor às pessoas”, conclui. Para 2024, a UniverSaúde projeta reduzir cerca de R$9 bilhões das perdas nas secretarias de saúde do Brasil.



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