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sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Janeiro Roxo: Informação ainda é o melhor remédio contra o preconceito


Manchas no corpo com perda de sensibilidade pode ser hanseníase


O último domingo de janeiro (26) é dedicado ao Dia Mundial da Luta Contra a Hanseníase, uma das doenças mais antigas da humanidade, citada em relatos bíblicos, no Antigo Testamento, há mais de 3 ou 4 mil anos antes de Cristo. 


Uma série de ações pelo país serão feitas para mobilizar a sociedade em torno da conscientização da doença, com o objetivo de chamar atenção sobre a importância do diagnóstico precoce e para evitar a gravidade dos sintomas.



Popularmente conhecida como lepra, a hanseníase é causada pela Mycobacterium leprae. Essa bactéria pode levar até 10 anos para se manifestar. Daí a importância do diagnóstico precoce. As sequelas deixadas pela doença tanto físicas quanto psicológicas são irreversíveis. Além da cegueira – das deformidades nas mãos e nos pés – a pessoa acometida ainda tem que lidar com o preconceito.



O preconceito contra a hanseníase surgiu com a doença. Mesmo após a descoberta da bactéria, em 1873, por Armauer Hansen, esse estigma continua. Ao longo dos séculos de colonização, a América Latina se tornou um dos principais focos de epidemia da doença. Segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde em 2022, em todos os países sul-americanos têm casos de hanseníase. 


BRASIL É O SEGUNDO PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE CASOS


Quase 20 mil pessoas são acometidas pela doença e mais de 90% dos casos estão concentrados no Brasil; quase 18 mil pessoas ao todo. O país está em segundo lugar com o maior número de incidência da doença no mundo, atrás apenas da Índia.


Mesmo com o tratamento oferecido gratuitamente pelo SUS, diversas políticas públicas implementadas, surgem novos casos da doença e o diagnóstico é sempre tardio. Os primeiros sintomas começam com lesões na pele, como manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, ressecamento e perda de sensibilidade.


Para a médica de Família e Comunidade, Moara Halanna Barbosa, professora da Faculdade de Excelência da UnexMED Jequié, o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno da hanseníase são dificultados pelo estigma e discriminação associados ao medo e à falta de conhecimento sobre a doença, além da qualificação inadequada de grande parte dos profissionais de saúde. “A hanseníase tem cura e o tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pode durar de 6 a 12 meses. Feito com poliquimioterapia (PQT), tem forte efeito bactericida e consiste na associação de três antimicrobianos (rifampicina, dapsona e clofazimina). Além da antibioticoterapia, a intervenção é feita com medicamentos anti-inflamatórios e imunossupressores. Os objetivos primordiais são a cura da infecção mediante a antibioticoterapia e a prevenção das incapacidades físicas, especialmente nas mãos, nos pés e nos olhos, que podem ser muito graves, em casos com diagnóstico tardio. O paciente é acompanhado ao longo de sua vida e as reações adversas ao tratamento são mínimas”, explica. 


QUANTO MAIS CEDO O DIAGNÓSTICO MAIORES AS CHANCES DE CURA


A hanseníase está associada à pobreza e ao acesso precário à moradia, à alimentação, e aos cuidados com saúde e educação. Na opinião de Dra Moara Halanna, “o maior empecilho ainda está na dificuldade de identificá-la”. A hanseníase afeta primariamente os nervos e a pele, podendo acometer também a mucosa do trato respiratório superior, olhos, linfonodos, testículos e órgãos internos, de acordo com o grau de resistência imune do indivíduo infectado. De acordo com a especialista, “há relatos de casos em que os sintomas apareceram após um ano do contato suspeito, e outros em que a incubação demorou até 20 anos ou mais. A doença é transmitida pelo contato direto pessoa a pessoa, e é facilitada pelo convívio de doentes não tratados com indivíduos suscetíveis. Não se conhece precisamente o período de incubação da doença, mas estima-se que dure em média cinco anos”, previne.


A hanseníase é a principal doença de notificação compulsória causadora de incapacidade física permanente. Além de ser uma patologia que possui muitos estigmas e mitos, ela afeta o estado não só físico, quanto emocional das pessoas acometidas. A convivência intradomiciliar é um dos principais fatores de risco associados ao adoecimento, por isso, todo paciente com diagnóstico de hanseníase deve ter seus contatos investigados. De acordo com Dra.Moara, “essa investigação é o melhor método de detecção de casos de hanseníase com maior base de evidências. Quanto mais informações, mais fácil lidar com a doença. Uma população bem informada não tem preconceito e acolhe as pessoas portadoras da doença. Educação em saúde é uma ferramenta muito utilizada nesses casos”, esclarece.


ATENÇÃO PRIMÁRIA É FUNDAMENTAL PARA TRATAR A HANSENÍASE 


Segundo a médica de Família e Comunidade, Moara Barbosa, “a Atenção Primária à Saúde (APS), em geral, é o primeiro ponto de contato do paciente e pode atender de 80% a 90% das necessidades de saúde de uma pessoa ao longo de sua vida: Por ser altamente eficaz e eficiente em relação às principais causas de problemas de saúde e riscos ao bem-estar, a APS é uma estratégia fundamental para o cuidado em hanseníase”, destaca. 


A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a Estratégia Global de Hanseníase 2021-2030, um plano para tentar erradicar a doença no mundo. O Instituto Aliança contra Hanseníase (@aliancacontrahanseniase), criado em 2019 pela dermatologista e hansenologista, Laila de Laguiche, com o objetivo de conscientizar a população e capacitar médicos para identificarem a doença, já conseguiu impactar mais de um milhão de pessoas. A campanha “Se amarre nessa aliança” promovida pelo instituto já distribuiu mais de 4 mil fitinhas roxas por várias regiões do país, em conjunto com apoiadores e coordenadorias estaduais de saúde, nos estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão. A proposta é trazer essa aliança para Bahia, através das aulas práticas dos estudantes da UnexMED Jequié. Para Dra.Moara, “as atividades nos postos de atendimento médico são inspiradoras e realizam ações de conscientização e prevenção com as comunidades mais necessitadas. É nas cidades do interior onde os casos de hanseníase mais se intensificam”, finaliza.


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, 11,9% dos baianos viviam em extrema pobreza. A pandemia de covid-19 intensificou a situação de fome no estado. Atualmente, a Bahia tem a maior população rural do Brasil. Essas estatísticas só comprovam a necessidade da interiorização da Medicina promovida pela Unex – Centro Universitário e Faculdade de Excelência para levar às populações menos favorecidas, atendimento médico de qualidade.

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