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sábado, 22 de fevereiro de 2025

AQUI O CIDADÃO TEM VOZ E VEZ


Por Flôr de Mandacaru


A política de Jequié, outrora palco de promessas grandiosas, hoje exibe um espetáculo de desilusões. O prefeito, eleito com impressionantes 92% dos votos, parece ter se especializado na arte da contradição. Suas promessas de campanha se dissolvem no ar como poeira ao vento, deixando para trás apenas o eco de discursos vazios.

Prometeu concurso público dentro do mandato. Nada. Garantiu um transporte coletivo digno. Nenhum sinal. Jurou melhorias na saúde. Hoje, os postos de atendimento agonizam em estruturas precárias, e as casas alugadas para funcionar como unidades provisórias são indignas até de servirem de abrigo. A educação? Sofre com a desvalorização dos professores, que, sem um salário justo, veem sua dedicação ser esmagada pela indiferença do poder público.

Mas se há um setor onde a prefeitura demonstra eficiência exemplar, é o das festas. O São João, mesmo a meses de distância, já ostenta uma programação milionária, recheada de artistas de renome nacional. Curiosamente, aqueles que não puderam se apresentar por conta da chuva receberam seus cachês sem hesitação. Já os músicos locais, que tocam por valores irrisórios apenas para não passarem despercebidos, seguem sem receber um centavo. A cultura da cidade, ao que parece, só interessa quando rende aplausos fáceis e autopromoção nas redes sociais.

O descaso não para por aí. O restaurante popular fechou as portas, a reforma da feira livre segue como uma eterna promessa, e até as árvores de Jequié sofrem com o descaso. Uma palmeira real, outrora imponente às margens do Jequiezinho, foi cruelmente arrancada para dar lugar a um estacionamento. Um estacionamento que, além de expor os veículos ao risco das cheias, serve como um golpe descarado contra o meio ambiente. O mais irônico? O atual secretário de cultura, que outrora bradava como defensor da natureza, hoje silencia diante do desmatamento urbano. A militância cedeu espaço à conveniência.

E, claro, há a questão da política familiar. Secretários exonerados por laços de parentesco, um vice-prefeito que, como tantos outros, prefere a sombra do poder ao protagonismo de mudanças reais. Tudo em casa, tudo sob controle, para que a casta continue intocável.

O povo, esse mesmo que banca a farra, paga duas vezes: primeiro nos impostos e depois na humilhação de ser empurrado para a festa popular enquanto os engravatados desfrutam do camarote público. Lá de cima, aparecem no telão, brindam, dançam e posam para selfies financiadas pelo dinheiro do contribuinte. E depois? Depois vão às redes sociais dizer que estão trabalhando pelo bem da cidade.

Jequié, a cidade que acreditou, hoje se vê traída. Mas, como sempre, entre um forró e outro, entre promessas e desculpas esfarrapadas, o espetáculo continua. Resta saber até quando.

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